Seringueira do Paraná será modelo em desenvolvimento econômico sustentável


  

O programa Seringueira do Paraná, lançado nesta sexta-feira (28/11) pelo Governo do Estado, em Maringá, vai proporcionar aos agricultores a possibilidade de compatibilizar a geração de renda na propriedade rural com a recomposição da área de reserva legal, conforme prevê a legislação ambiental. O programa vai contar inicialmente com linha de crédito no valor de R$ 40 milhões.

O programa irá ajudar a recuperar as áreas degradadas das regiões Norte e Noroeste do Estado e pretende ser referência para todo o País, em desenvolvimento rural sustentável. O lançamento ocorreu na sede da Cooperativa dos Cafeicultores de Maringá (Cocamar) e contou com a presença dos secretários da Agricultura, Valter Bianchini, do Meio Ambiente, Rasca Rodrigues, do Planejamento, Ênio Verri.

Estavam presentes também o prefeito de Maringá, Silvio Barros, o presidente da Cocamar, Luiz Lourenço, o superintendente da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), José Roberto Ricken, o gerente regional de Desenvolvimento Sustentável do Banco do Brasil, Nei Augusto Vieira, e o promotor do Meio Ambiente, Robertson Azevedo.

Durante o evento foram assinados convênios. Um deles, no valor de R$ 225 mil, firmado entre a Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab) com a prefeitura de Maringá vai permitir a recuperação dos pavilhões do Parque de Exposições Agropecuárias de Maringá, que foram danificados por intempéries. Outro convênio foi firmado entre a Seab e o Banco do Brasil, para as operações de crédito do Pronaf Eco – Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar e Programa de Plantio Comercial e Recuperação de Florestas (Propflora) para incentivar o plantio da seringueira na pequena propriedade da agricultura familiar e também os plantios industriais.

Pesquisa – Para o secretário Valter Bianchini, o programa Seringueiras do Paraná surgiu de pesquisas e experiências realizadas por mais de 20 anos pelo Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) e do Instituto Emater de Extensão Rural nas regiões Norte e Noroeste do Estado. O seringal pode ser plantado sozinho ou consorciado com outras plantas como o café, para aumentar a rentabilidade.

O programa vai aumentar a geração de renda e de empregos na propriedade, promovendo a inclusão no meio rural e o desenvolvimento sustentável. O agricultor também contará com a possibilidade de utilizar o plantio da seringueira para averbação de área de reserva legal, conforme prevê a legislação ambiental.

O secretário lembrou que este é um passo importante das secretarias da Agricultura e do Meio Ambiente para construir uma agricultura sustentável no Paraná. “O próximo será o lançamento de um programa conjunto de cultivo de água”, anunciou.

Bianchini agradeceu os esforços dos deputados estaduais Teruo Kato, presente no lançamento do programa, e Luiz Eduardo Cheida que apresentaram projeto de lei na Assembléia Legislativa do Estado para garantir tranqüilidade aos agricultores, onde a recuperação da reserva legal poderá ser feita com empreendimentos econômicos nas propriedades rurais.

Agora a Secretaria da Agricultura, por meio da Emater, vai garantir o treinamento técnico e encaminhar os projetos de fomento ao banco para obter os financiamentos, cujas taxas de juros serão as mais baixas do mercado.

Ambiente – Segundo o secretário Rasca Rodrigues, apesar de a seringueira ser uma espécie natural da Amazônia e exótica no Paraná, não há impeditivo ambiental ao seu plantio. A planta permite que o agricultor possa diversificar a produção e ao mesmo tempo produzir em área de reserva leal. “Quem plantar agora irá colher, porque a área de reserva legal tem que ser averbada agora”, disse o secretário.

Para Rodrigues, o programa Seringueiras do Paraná abre espaços para projetos semelhantes em outras regiões do Estado, numa demonstração que é possível explorar a floresta. “Isso mostra que o meio ambiente pode responder com rentabilidade ao agricultor”, destacou.

Parcerias – Para fomentar o programa junto aos agricultores, a Secretaria da Agricultura conta com a parceria das cooperativas para fomentar a atividade junto aos agricultores. De acordo com o presidente da Cocamar, Luiz Lourenço, a direção da cooperativa decidiu entrar forte nessa questão ambiental. “Estamos apostando no plantio da seringueira, porque sabemos de sua importância econômica e tenho certeza que iremos avançar com rapidez”. Futuramente a Cocamar pensa em instalar uma unidade de beneficiamento do látex na região, adiantou Lourenço.

Ricken reiterou a posição da Cocamar e disse que o plantio da seringueira é economicamente viável e socialmente desejável, uma vez que a Ocepar também está discutindo a questão ambiental e a sustentabilidade nos projetos das cooperativas.

Rentabilidade – O produtor Ângelo Romeiro, pioneiro no plantio da seringueira em Indianópolis, região Noroeste do Paraná, está satisfeito com os rendimentos de sua propriedade. Com área total de quatro alqueires, Romeiro começou a plantar seringueira em 1990 numa área de 2,25 alqueires.

Ele disse que estava desanimado com o plantio do café, prejudicado pelas doenças do solo. A atividade vinha decaindo em sua propriedade de solo arenoso. Romeiro decidiu plantar serigueira e, hoje, obtém renda de R$ 1 mil mensais por alqueire. “A renda é maior do que poderia conseguir com qualquer outra atividade agrícola na minha região”, comparou.

O período entre o plantio e o início da produção é de cerca de seis anos. Segundo Romeiro, a espera compensa. Ele diz não ter problema de comercialização, porque toda a produção é vendida. Atualmente ele entrega o látex para uma empresa paulista que vem buscar a produção. A produção de borracha no Brasil é inferior ao consumo e o País importa o produto principalmente dos países asiáticos.

Além disso, tem pouco gasto com o custo de manutenção do seringal que segundo o produtor é mínimo. Romeiro disse que a seringueira não é muito exigente em adubos. O custo do investimento para implantar o cultivo da seringueira está avaliado entre R$ 4 a R$ 12 mil o alqueire, que pode ser financiado com prazo de carência conforme a atividade.

Fonte: Agência Estadual de Notícias






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