Produção de Fécula de mandioca diminui, mas receita aumenta

Apesar da redução no volume produzido, a receita obtida com as vendas internas de fécula foi 28,6% superior ao montante de 2006, passando de R$ 373,6 milhões naquele ano para R$ 480,3 milhões em 2007.

Esses dados fazem parte do levantamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, realizado em parceria com a Abam (Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca) pelo quarto ano consecutivo.

Entre janeiro e maio de 2008, foi enviado questionário a 70 fecularias do Brasil, das quais 77% responderam. Para as empresas que não responderam, o Cepea e a Abam estimaram a produção para 2007 com base nos dados dos anos anteriores, bem como na capacidade instalada e nos dias trabalhados em 2007, observados para a maioria das empresas consultadas.

Segundo pesquisadores do Cepea, entre os principais fatores da queda na produção de fécula de mandioca no ano passado estiveram as fortes oscilações nos preços deste produto, o que acabou desestimulando o consumo; as cotações mais atrativas do amido de milho (concorrente da fécula) e o fato de algumas fecularias terem fechado suas portas e/ou paralisado as atividades temporariamente, havendo casos em que a empresa optou por processar milho em detrimento da mandioca.

Ainda assim, a valorização de 35,6% da fécula de mandioca na média Brasil, de R$ 650,00/tonelada em 2006 para R$ 881,41/t em 2007, garantiu um aumento na receita das indústrias processadoras de quase 30%, conforme pesquisas do Cepea.

Além da menor oferta, as altas de outras commodities agrícolas e do amido de milho contribuíram para a elevação nos preços da fécula.

O preço da raiz, segundo pesquisas do Cepea, aumentou em ritmo semelhante ao da fécula.

Para 2008, o clima de otimismo parece ter diminuído e o motivo principal é a expectativa de diminuição da oferta de raiz.

Das empresas que responderam ao questionário do Cepea e da Abam, apenas 14% apostam em acréscimo no volume de raiz a ser processado. Para 26% das empresas, o volume será o mesmo, e 9% apontam redução. As demais não responderam a este tópico.

Quanto à área cultivada com mandioca, a diminuição média apontada pelos respondentes seria por volta de 8,5%, totalizando apenas 498,4 mil toneladas no ano.

Diferente dessas expectativas, contudo, levantamentos do Cepea apontam que, até a primeira quinzena de junho de 2008, já foram produzidas aproximadamente 300 mil toneladas, o que representa 60% das estimativas de agentes do mercado. Assim, se este ritmo permanecer no segundo semestre, a produção de 2008 pode até superar a de 2007.

Agentes esperam que, nos períodos de safra de cada região os preços tenham média de R$ 153,00/t para a raiz de mandioca e em R$ 991,00/t para a fécula.

Essas médias ponderadas foram calculadas com base nas respostas que variaram de R$ 100,00/t até R$ 180,00/t para a matéria-prima e entre R$ 774,00/t e R$ 1.200,00/t para a fécula.

Na entressafra, os respondentes estimam um valor médio de R$ 194,50/t para a raiz e de R$ 1.900,00/t para a fécula.

Tais projeções se baseiam nas condições de mercado verificadas até maio de 2008 e nos tradicionais ciclos de preços da cadeia da mandioca.

Os preços efetivos dependerão da disponibilidade de raiz para a produção de fécula, e o fator preponderante para essa oferta é a rentabilidade de culturas que concorrem por área com a mandioca.

A expectativa de preços expressivamente acima dos observados em anos anteriores para grãos e pecuária é uma forte preocupação.

As incertezas também passam pelo consumo de fécula. Neste ano, o aumento da demanda pode ser fomentado pelos preços mais atrativos que os do amido de milho, também pela ampliação das compras do governo, sustentada pelo Projeto de Lei 4679/2001 em tramitação no Senado, e ainda pelos altos preços de trigo e derivados que podem resultar na substituição de parte da farinha de trigo por fécula de mandioca.