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As dificuldades de obtenção de mão de obra e o aumento nos custos de produção vêm desestimulando a produção de café no Paraná. Nos últimos 12 anos, a área plantada foi reduzida em 46%. Para reverter essa queda, o secretário da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, apresentou nesta quinta-feira (17), em Maringá, o plano para reestruturação da cafeicultura no Paraná. O plano prevê, entre outras medidas, a readequação de lavouras e treinamento de técnicos e produtores, visando a difusão de tecnologia para dobrar a produtividade do café no Estado e elevar a renda do produtor.
A apresentação foi feita durante a Expoingá, que será encerrada neste domingo (20) e contou com a presença das principais lideranças de cooperativas, dos sindicatos rurais, prefeituras e agentes financeiros. O objetivo do encontro foi obter o comprometimento dessas entidades com o plano, baseado em propostas feitas pela Câmara Setorial do Café. Segundo o secretário, o café é viável no Paraná, proporciona renda aos municípios e pode gerar renda também para os produtores se eles contarem com o apoio das entidades e governos para introduzir tecnologia no processo de produção.
O plano visa reverter a tendência de queda na produção e eliminar o déficit hoje existente entre a produção e a demanda no Estado. Atualmente a produção média anual de café no Paraná varia de 1,8 a 2,5 milhões de sacas de café beneficiadas e o consumo já é de 3,6 milhões de sacas beneficiadas por ano.
Entre os desafios a serem enfrentados, Ortigara citou a necessidade de conter o avanço da erradicação no plantio. A área plantada caiu de 164 mil hectares em 2000 para 88 mil hectares em 2012. O secretário também defendeu a necessidade de aumentar a produtividade das lavouras com a introdução da mecanização para reduzir a dependência de mão de obra e melhorar a oferta de café de qualidade.
A intenção é praticamente dobrar a produtividade média atual, que atualmente é de 22 sacas beneficiadas por hectare, para no mínimo 40 sacas beneficiadas por hectare, obtendo um café de boa qualidade em 80% da produção. Para isso, o plano tem como estratégia a capacitação de técnicos e produtores, criação de unidades demonstrativas e análises do custo de produção.
A Secretaria da Agricultura e do Abastecimento se dispõe a captar recursos nas linhas normais de crédito dos governos federal e estadual. Porém o secretário quer o comprometimento dos agentes financeiros para facilitar mais linhas de crédito para o plantio de café. As lideranças presentes à reunião reivindicaram a redução dos juros nas linhas de crédito para investimentos.
Plano – O plano prevê a sustentabilidade econômica, social e ambiental das pequenas e médias propriedades com café, por meio da readequação das lavouras. A meta até 2014 é plantar uma média de 8 mil hectares por ano, totalizando um aumento de 32 mil hectares na área plantada; readequação em 54 mil hectares com podas em 60% das lavouras com potencial de recuperação, preparando-as para mecanização e implantação e adequação de infraestrutura de máquinas e equipamentos para produção mecanizada.
Políticas públicas – Segundo o engenheiro agrônomo Paulo Franzini, do Departamento de Economia Rural (Deral), a cafeicultura paranaense vem sendo objeto de sucessivas políticas públicas de apoio à produção deste que a cultura entrou em decadência no Estado. Em 1990, foi implantado um novo modelo tecnológico, o café adensado. Naquela época o objetivo era aumentar a produtividade do café.
No ano 2000 foram introduzidos conceitos para melhorar a qualidade e implantados os concursos de café qualidade para estimular o produtor. Em 2007 foi lançado o plano de sustentabilidade da cafeicultura familiar e em 2009, o programa de apoio à produção de mudas.
Em 2011, a Câmara Setorial do Café propôs o Plano de Reestruturação e Difusão de Tecnologia, que está em andamento e agora deverá ganhar um impulso maior com mais recursos e a adesão de entidades e agentes financeiros, prevê Franzini.
Segundo o Deral, em 2011 as lavouras de café ocuparam uma área total de 90 mil hectares, distribuídos em 200 municípios. São cerca de 12 mil produtores no Estado, dos quais 83% são agricultores familiares. As lavouras geram em torno de 50 mil empregos permanentes e 150 mil empregos temporários.
Seguro – O secretário Norberto Ortigara também participou, durante a Expoingá, do seminário sobre seguro agrícola. Ortigara fez um alerta aos produtores rurais paranaenses sobre as medidas necessárias para minimizar os riscos dos efeitos climáticos nas lavouras.
Ele lembrou que a cada três anos a agricultura do Paraná sofre com estiagens prolongadas ou excesso de chuvas, que provocam prejuízos financeiros elevados e colocam em risco a sustentabilidade econômico-financeira do agronegócio.
“Os agricultores devem desenvolver uma cultura de investimentos em seguros privados sobre as lavouras para reduzir o risco”, disse. Ao mesmo tempo, afirmou o secretário, o governo federal precisa investir mais em recursos destinados ao seguro agrícola para que o agronegócio continue contribuindo de forma expressiva para a balança comercial, controle da inflação e garantia de abastecimento alimentar interna, evitando fortes pressões sociais.
De acordo com Ortigara, além da necessidade do uso racional da água, é preciso que os produtores também invistam em tecnologias modernas de produção que reduzam os efeitos de adversidades climáticas. “A base, porém, é o agricultor contar com um seguro agrícola, mas que não seja tão caro como na atualidade”, afirmou.
Neste contexto, disse Ortigara, a política agrícola precisa fortalecer os institutos de seguro para que o custo diminua. Ele lembrou que o governador Beto Richa vem ampliando as parcerias em seguro agrícola, garantindo 15% da premiação em caso de frustração da produção de trigo. O benefício será estendido às lavouras de milho safrinha e café.
Fonte: Agência Estadual de Notícias