Quenianos buscam intercâmbio com Paranavaí para desenvolver cultivo de mandioca

“Nossa intenção em vir ao Brasil foi de conhecer dois sistemas diferentes de produção de mandioca e estabelecer um intercâmbio de cooperação intensa para trocas de tecnologia. Em nossa país, a mandioca ainda é uma cultura pouco mecanizada e há pouco tempo se tornou uma produção de valor agregado. A mandioca era considerada uma cultura órfã, não priorizada pela população, mas nosso Governo está instalando programas para promover seu cultivo. Esta é uma primeira comitiva que trouxemos para o Brasil para aprender com vocês. Em nossas visitas aqui na região tivemos contato com proprietários rurais, agricultores, investidores, indústrias de processamento e agora com o Poder Público. Esperamos que este seja o início de uma interação com Paranavaí para trocarmos experiências e obtermos ajuda de vocês para melhorar a produção da mandioca em nosso país”, frisou Mary Karanja, representante do Ministério da Agricultura, Pecuária e Pesca do Quênia.

A comitiva explanou que o Quênia é um país de extensão pequena, comparado ao Brasil. São 592 mil km2 de extensão e uma população de 44 milhões de habitantes. 80% do território é composto por regiões áridas e semiáridas. O país tem 42 tribos e um idioma nacional e, agora, aos 50 anos de independência política, o Quênia se esforça para unir todas as tribos e reforçar a identidade nacional.

O governo é descentralizado, mas o Poder Nacional é responsável pela questão da segurança alimentar no país, que importa 20% dos alimentos consumidos pela população. O café, o açúcar e o algodão são os principais produtos importados pelo Quênia. Nos últimos 6 anos, o país tem feito mudanças através da Organização para Agricultura, Pecuária e Pesquisa (instituição homóloga à Embrapa) para o desenvolvimento de tecnologias para o cultivo de mandioca.

“A presença da comitiva do Quênia é muito importante para o nosso país e também para Paranavaí. Temos laços culturais com a África, já que o Brasil tem muito afrodescendentes que ajudaram e continuam ajudando a desenvolver o país. O Brasil e o Quênia são países irmãos. O que é importante para vocês, também é importante para nós. A região de Paranavaí hoje é a maior produtora de fécula de mandioca do país e fica entre os maiores produtores nacionais de mandioca in natura. Temos pesquisas que podem ajudar muito a produção no Quênia e temos total interesse em divulgar nossa produção e também cooperar com o governo queniano. Com a queda da nossa moeda em relação ao dólar, o nosso produto também pode ter um preço muito atrativo para o consumo no Quênia. Temos profissionais qualificados em nossa região que podem ir até lá e ajudar a desenvolver tecnologias próprias para as localidades do seu país. Podem contar com a parceria de Paranavaí, pois acreditamos que podemos ter excelentes resultados nas relações, tanto comerciais quanto culturais”, destacou o prefeito Rogério Lorenzetti.

A comitiva do Quênia pediu informações sobre as ações específicas para o desenvolvimento da agricultura em Paranavaí. Neste sentido, Lorenzetti apontou que o município tem programas próprios sendo executados para a implementação de granjas para a criação de aves de corte, conservação de estradas rurais, conservação de solo em áreas de proteção ambiental, preparo de solo em pequenas propriedades rurais, auxílio na organização de Associações de Pequenos Produtores e o programa Compra Direta, que possibilita que o município adquira itens diretamente dos produtores sem necessidade de licitação. O prefeito também falou das políticas de inventivo fiscal para a atrações de novos investidores.

“Nosso país ficaria honrado em receber a visita de uma comitiva daqui, para compartilharmos experiências e mostrarmos a vocês também as belezas naturais do Quênia”, convidaram os quenianos.

O empresário Paulo Pierin, que acompanhou a comitiva nas visitas às propriedades e indústrias da região, manifestou que Paranavaí tem interesse em organizar uma caravana com empresários para conhecer a cultura no Quênia.