Formados, paranavaienses estão voltando à cidade, que passou a oferecer mais oportunidades


  

Para muitos jovens, a escolha de uma profissão e o início de uma faculdade é também o momento de romper o cordão umbilical e deixar o ninho familiar para ir em busca de uma formação em outra cidade. O que antes parecia ser um caminho sem volta - a troca da cidade natal, no interior, por centros maiores - hoje começa se mostrar uma alternativa atraente para um número cada vez maior de profissionais recém-formados que enxergam, aqui, potencial e oportunidades de trabalho.

Entre as áreas que mais tem recebido os jovens profissionais “filhos de Paranavaí” está a medicina. E os motivos que mais pesam na decisão na hora de “voltar pra casa” vão desde a proximidade com a família até o mercado de trabalho, com novas oportunidades a serem exploradas.

“No meu caso foi uma conjunção de fatores que me trouxe de volta a Paranavaí, mas principalmente a inauguração do Hospital Regional com uma nova UTI, com 10 leitos, que me deu a oportunidade de trabalhar na minha especialidade, que é a medicina intensiva. O hospital é uma referencia na região e isso pesou muito na decisão”, afirma o médico Michel Spigolon Abrão, chefe da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Santa Casa. “Quando era acadêmico, nunca imaginei que pudesse voltar a viver em Paranavaí, mas a oportunidade de trabalho mudou todos os meus planos”, revela Abrão, que se formou em Vassouras (RJ).

O médico André Pelisson, especialista em cirurgia do câncer, também foi atraído pelo campo de atuação de Paranavaí, que é cidade polo da região Noroeste. “Decidi voltar porque não havia nenhum outro médico com especialidade em cirurgia do câncer atuando no município e também porque gosto muito de viver aqui. Tive oportunidade de trabalho em outras cidades, tão atrativas quanto esta, mas decidi ficar porque gosto da cidade, acho que tem um tamanho ideal e uma boa estrutura para se viver, além da proximidade com a família, que também pesou na decisão”, declara o profissional, que se formou em Curitiba e também já atuou em Arapongas e Campina Grande do Sul.

E assim tem sido com quase 30 jovens médicos nascidos aqui que hoje atuam no município e até profissionais de outras cidades, como a mastologista Maria Emília da Costa, que deixou São Paulo em busca de um ritmo de vida mais tranquilo no interior e encontrou por aqui tudo que precisava para exercer sua especialidade.

Uma cidade com um estilo de vida mais tranquilo, mas que também conciliasse o desejo de crescimento profissional foi o que atraiu a família do gastroenterologista clínico e endoscopista Denilson dos Reis e da endocrinologista Jane Maria Vieira.
Há dois anos eles moravam na região do Vale do Aço (MG), que concentra uma população de aproximadamente 500 mil pessoas. “Na época em que terminei a residência recebi um convite para trabalhar na região e fui com minha esposa. Mas depois de um certo tempo outros fatores começam a pesar. Família, crianças pequenas, um ritmo de vida muito mais corrido [...] e por isso já fazia algum tempo que a gente pensava em mudar os ares. Alguma cidade menor, mas que também conciliasse o desejo de crescimento”, conta Denilson.

O médico então conversou com alguns colegas de profissão que moravam e atuavam em Paranavaí e recebeu um convite para conhecer a cidade. “Viemos e gostamos muito do porte da cidade, que era menor, mas ao mesmo tempo em crescimento e com boas perspectivas, inclusive com a inauguração de uma nova unidade da Santa Casa. A tranquilidade da cidade, que não tem índices de violência tão altos, também influenciou muito, assim como o clima da região. Aqui é tudo muito perto e isso facilita o dia a dia. Você começa a ter um padrão de vida um pouco mais sossegado e isso sem dúvida pesou bastante. [...] Trinta dias depois voltamos para acertar a documentação e em dois meses já estávamos de mudança”, completa.

Passados dois anos, o médico hoje comemora a decisão. “Em nenhum momento houve um ponto de interrogação se valeu a pena ou não. Eu acho que pesa muito a qualidade de vida que você tem aqui e era o que estávamos procurando. Isso supera qualquer outro recomeço”, assinala o profissional, que há cinco meses inaugurou sua própria clínica onde oferece, além de consultas médicas, exames de endoscopia, colonoscopia, entre outros. “A ideia é investir mesmo na cidade. A gente viu essa possibilidade de investimento e de poder crescer dentro dessa área. É uma possibilidade real, que já esta acontecendo”, comemora o médico.

A busca por uma melhor qualidade de vida também é evidenciada por um profissional que se estabeleceu em Paranavaí há pouco mais de dez anos. Ele relata que “como outros profissionais o médico também busca qualidade de vida, bem estar e segurança para sua família. Paranavaí é uma cidade acolhedora, que está crescendo e que oferece bons imóveis - antes para ir para o interior se morava numa casa de madeira, como ainda é hoje em Rondônia, por exemplo”. Ainda de acordo com a fonte, bons colégios, escolas de inglês, proximidade com o aeroporto de Maringá com voos comerciais regulares e até a proximidade com os rios Paraná e Paranapanema acabam se constituindo em fatores que atraem os profissionais, muitos vítimas de violência, principalmente assaltos, nos grandes centros.

Mudança de Cenário – Mas a perspectiva de crescimento, hoje vista por muitos profissionais, nem sempre foi evidente. “Na minha época se contava nos dedos os profissionais da área da medicina que, depois de estudar fora, retornavam para o município. Hoje, eu estava contando entre os médicos mais jovens, esse número chega a quase 30. E agora está vindo uma nova geração”, aponta o médico Marcelo Campos Silva, um dos primeiros a retornar para a cidade natal após a graduação.

“De uma forma geral, a gente percebe que esses profissionais têm vontade de voltar pra cá, principalmente por causa da família, e as condições melhoraram muito. O que atrai uma pessoa hoje, na minha opinião, é a situação da organização do serviço SUS, que embora ainda tenha muito para evoluir, já melhorou significativamente. [..] Para se ter uma ideia, quando eu cheguei em Paranavaí em 1984, tinham apenas três postos de saúde [hoje são 17], a Prefeitura tinha meia dúzia de médicos [hoje são 67 efetivos], nós tínhamos muitos hospitais, mas todos eles eram verdadeiras igrejinhas. Até para conseguir alguma coisa no consultório a nível de SUS tivemos que contar com a colaboração de outros colegas de profissão. Então mudou radicalmente. Hoje o número de hospitais diminuiu, mas estão mais bem estruturados, o que fez com que a oferta de oportunidade de trabalho mudasse 300%”, relata Campos.

Além das raízes familiares, o médico também aponta o fato do município ser polo de uma região, o que garante ainda mais oportunidades de trabalho. “Vemos cidades menores da região que também estão vivendo esse momento de retorno dos jovens médicos, mas não nessa mesma intensidade que Paranavaí, porque a oferta de trabalho de lá não é como aqui. Então essa história de voltar pra casa é comum sim, mas, dependendo da especialidade, a pessoa não cabe naquela determinada cidade”, frisa ele.

Mais e Melhores Oportunidades - Os “filhos de Paranavaí” e até médicos de outros centros têm procurado a cidade por também oferecer perspectiva de prosperidade econômica. A Santa Casa, principal hospital da região, paga em dia aos médicos. Tudo que o hospital recebe, seja do SUS ou os cerca de 10 convênios de planos de saúde, repassa imediatamente aos profissionais à sua parte, o que não é comum em hospitais filantrópicos.

Apesar da procura cada vez mais intensa pelos profissionais, ainda há campo para mais médicos. Há falta de clínicos gerais e especialistas. Até porque, médicos que atingiram sua estabilidade econômica e certa idade estão deixando a atividade profissional, abrindo espaço para novos médicos.

A perspectiva econômica é real. De imediato, assumindo contrato com o Consórcio Intermunicipal de Saúde para atender no CRE (Centro Regional de Especialidades), se associando a um plano de saúde, atendendo plantões na Santa Casa ou em hospitais da região e ainda realizando cirurgias, o médico pode iniciar sua atividade profissional com uma renda entre R$ 15 e R$ 20 mil reais por mês. Instalando consultório, esta renda tem um ganho significativo, já que o desenvolvimento econômico da cidade permite cada vez mais pessoas optarem por consultas particulares.

Ao contrário de alguns anos atrás, a Santa Casa tem cada vez mais aberto suas portas a novos profissionais. “O estatuto e o regimento da Santa Casa inclusive dão prioridade aos “filhos de Paranavaí” por entender que as chances deles criarem raízes e ficarem na cidade é bem maior do que de outro profissional que vem de fora e a qualquer momento pode receber uma outra oportunidade de emprego e se mudar daqui”, observa o coordenador administrativo do hospital, Héracles Alencar Arrais.

Na Unimed, principal plano de saúde da cidade, tornar-se um profissional cooperado também está mais fácil. E os médicos se sentem mais tranquilos para desenvolver suas atividades profissionais com a qualidade dos blocos cirúrgicos e UTIs da Santa Casa que, com a conclusão da Unidade Morumbi, prevista para o ano que vem, terá uma demanda ainda maior por profissionais da saúde.

“Foi-se o tempo em que as pessoas afirmavam que a Santa Casa era fechada para a vinda de novos profissionais. Pelo contrário, hoje estamos abrindo cada dia mais nossas portas e atraindo novos profissionais, e o município só tem a ganhar com isso. Ganha a cidade, com mais profissionais e mais qualidade nos serviços de saúde, ganha o profissional, que passa a se qualificar mais, e ganha a população de toda a região”, arremata Renato Platz Guimarães, presidente do hospital.

Qualidade de vida e oportunidade de trabalho também tem atraído profissionais de outras áreas

A área médica está entre as que têm recebido o maior número de jovens profissionais paranavaienses que optam por voltar ao município para exercer sua profissão. Mas não é a única. Profissionais de outras áreas, como arquitetos, engenheiros, dentistas, entre outros, também estão tomando o mesmo caminho.

“A minha volta a Paranavaí se deu por uma certa coincidência. Quando ainda estudava em Londrina, comecei a estagiar para uma empresa daqui que executava serviços por lá. Logo depois surgiu a oportunidade de trabalhar para a Prefeitura Municipal e, junto, a chance de estar mais perto da família e amigos, que também acabou pesando na decisão”, conta o engenheiro eletricista Fábio Havro.

O dentista Leandro Sordi também decidiu voltar motivado pela vontade de estar mais próximo da família. “Além disso, Paranavaí é uma cidade de bom porte, com bons serviços e boa para se criar uma família”, frisa o dentista.

No caso do engenheiro civil João Artur Casado, que saiu de Paranavaí para cursar o ensino superior em Londrina, a volta para a cidade natal se deu tanto pelo anseio de viver perto dos familiares, quanto pelo desejo de dar prosseguimento a serralheria da família. João, que é administrador e engenheiro autônomo, diz não se arrepender da decisão. “Voltei a morar em Paranavaí há sete anos e acredito que tenha sido uma decisão acertada, tanto em termos de reconhecimento profissional, quanto em qualidade de vida”, salienta.

Para todos eles, a corrente de profissionais que tem retornado ao município tem garantido, além de desenvolvimento socioeconômico, melhores serviços para a população. “Paranavaí ganha profissionais qualificados para atuar no mercado e isso promove o crescimento e desenvolvimento da cidade”, afirma Havro.

“Com o retorno destes profissionais a cidade ganha uma visão de mundo diferente. São pessoas que saíram, conheceram coisas novas, e voltam com outra mentalidade e outras tecnologias que contribuirão com a cidade”, completa Casado.

Ensino Superior de Qualidade – Além do retorno de jovens profissionais que enxergam na cidade um mercado em potencial, também é possível perceber que é cada vez maior o número de estudantes que deixa de ir para outras cidades e opta por cursar o ensino superior em Paranavaí, haja vista que hoje o município oferece mais de 35 cursos de graduação (somando Unespar/Fafipa, Fatecie, Unipar e IFPR), entre eles engenharia civil, direito e arquitetura e urbanismo, e outros 15 de pós-graduação.

Fonte: Secretaria de Comunicação Social - Prefeitura do Município de Paranavaí






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