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O Paraná volta a ser reconhecido pela União Européia como área livre de febre aftosa com vacinação.
A decisão foi comunicada nesta segunda-feira (26) pela Comissão Técnica Científica da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) ao secretário nacional de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Inácio Kroetz, que está em Paris, sede da entidade.
O reconhecimento internacional de área livre de febre aftosa põe fim a um período de 2,5 anos em que o Paraná foi penalizado com a suspensão das exportações de carnes bovina e suína com o surgimento de suspeitas da doença no Estado. Os prejuízos estão sendo avaliados em US$ 300 milhões.
Para o secretário da Agricultura e do Abastecimento, Valter Bianchini, a notícia chega num momento especial para a pecuária no Paraná, que está com o mercado interno aquecido. “Os prejuízos não foram maiores porque o volume de carnes bovina e suína que deixou de ser exportado foi absorvido pelo crescimento do mercado interno”, disse.
Recentemente, a Rússia um dos principais mercados do Brasil, habilitou quatro frigoríficos paranaenses para exportar carne bovina para aquele País. Além disso, o Paraná está exportando carnes para o Egito, Irã e outros países.
Bianchini lembrou que o reconhecimento da OIE é importante porque os principais mercados ainda norteiam suas compras pelas áreas certificadas pela instituição. “A recuperação do status de área livre de febre aftosa com vacinação abre portas para a retomada de exportações de carnes bovina e suína no mercado internacional, gera empregos e renda no campo e desenvolvimento em todo o Estado”, declarou o secretário.
Quando o Paraná perdeu o status de área livre de febre aftosa com vacinação, em 2005, exportava 38.321 toneladas de carne bovina que rendia um faturamento da ordem de US$ 82 milhões por ano. No ano seguinte, as exportações despencaram para 12.510 toneladas com faturamento de US$ 21 milhões.
Bianchini acredita que até o final deste ano, o Paraná poderá recuperar o volume e faturamento equivalente em 2005. “Mas, em função da genética do rebanho e qualidade da carne paranaense, acreditamos que poderemos superar as exportações de 2005 a partir do ano que vem”, acredita.
O presidente do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Paraná, Péricles Salazar, destacou que o Paraná tem potencial e plantas industriais capazes de retomar rapidamente as exportações para o mundo. Mas para isso, alertou, os governos federal, estadual e a iniciativa privada terão que fazer um amplo trabalho de contatos comercias para reconquistar o mercado.
O representante da Federação da Agricultura do Paraná (Faep), Ronei Volpi, disse que agora os pecuaristas se sentem estimulados a investir em rastreabilidade e cadastrar suas fazendas junto ao Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem Bovina e Bubalina - SISBOV - para conseguir o credenciamento e exportar carne bovina para os países da Europa.
ESTRUTURA - O Paraná já havia obtido o reconhecimento internacional da OIE em 2000. Mas perdeu essa condição em outubro de 2005, diante dos focos de febre aftosa ocorridos no vizinho Mato Grosso do Sul e da entrada de animais vindos daquele Estado ao Paraná. Por meio de provas sorológicas e do vínculo epidemiológico, sete propriedades paranaenses foram reconhecidas pela OIE como foco de febre aftosa.
Para o Estado recuperar o status perdido junto à OIE e ao Ministério da Agricultura, foi necessário o sacrifício de 6.781 animais, abatidos durante o ano de 2006. Desde esse período, o estado vem se esforçando na área de sanidade animal para recuperar o reconhecimento internacional.
Para Bianchini, a decisão OIE representa o reconhecimento da qualidade do serviço de sanidade agropecuária, em especial a sanidade animal, executado no Paraná. “O Paraná está demonstrando sua capacidade de gestão da sanidade, em consonância com a nova ordem mundial”, afirmou.
Em 2007, a Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab) contratou, por meio de concurso público, 150 profissionais para a atuação em defesa agropecuária. Foram capacitados 80 médicos veterinários em emergência sanitária especificamente para a avicultura e está sendo estruturada uma parceria com o Ministério da Agricultura para estabelecer uma nova realidade para a defesa agropecuária no Estado. Da mesma forma, está sendo trabalhado junto com o setor privado para que a ação oficial na área de sanidade agropecuária seja fortalecida.
Para o diretor do Departamento de Fiscalização e Defesa Agropecuária da Seab, Silmar Bürer, a recuperação do status de área livre ao Paraná junto a OIE deve ser atribuída ao trabalho na área de sanidade agropecuária realizado em todo o Estado pelas dezenas de médicos veterinários, auxiliares de campo e administrativos. “Precisamos enaltecer também o trabalho do produtor rural no cumprimento das normas e regulamentos sanitários e principalmente a vacinação de praticamente 100% dos seus rebanhos”, observou.
Bürer destacou ainda a participação e o apoio das lideranças do setor agropecuário, dos sindicatos, cooperativas, associações que compõem o Conselho Estadual de Sanidade Agropecuária (Conesa) e sociedades rurais que se envolvem diretamente com as campanhas semestrais de vacinação do rebanho bovino e bubalino contra febre aftosa e também com trabalhos de educação sanitária junto ao produtor rural.
Fonte: Agência Estadual de Notícias