Postar no X
O IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná — Iapar-Emater) e o Simepar (Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná) iniciaram nesta segunda (8/5) o Alerta Geada, serviço operado todos os anos, de maio a setembro, com o objetivo de avisar com antecedência os produtores rurais sobre a possibilidade de ocorrer danos à agropecuária em virtude do frio.
Durante o período de operação, os pesquisadores publicam diariamente um boletim informativo sobre as condições meteorológicas e a evolução de massas polares no Estado, que pode ser acompanhado pelo aplicativo IDR Clima — disponível gratuitamente na App Store e no Google Play —, nas páginas e redes sociais do IDR-Paraná e do Simepar na internet e, ainda, pelo telefone (43) 3391-4500.
Se há a aproximação de massas de ar frio com potencial de causar danos à agropecuária, o serviço dispara um alerta com 48 horas de antecedência. Caso as condições se mantenham, novo aviso é expedido em até 24 horas antes da provável ocorrência de geadas.
Também é possível receber avisos no aplicativo Telegram, interessados devem cadastrar seu número de telefone AQUI. Esse canal não divulga os boletins diários, apenas os alertas de geada iminente.
Serviço - O serviço Alerta Geada opera há 29 anos. Foi iniciado em 1995, com o objetivo de oferecer aos cafeicultores elementos para decisão sobre a adoção de estratégias para proteger cafezais recém-implantados, conta a meteorologista Ângela Costa.
Com o tempo, outros segmentos da agropecuária — como a silvicultura, viveiristas, produtores de hortaliças, aves e suínos — passaram a buscar as informações geradas pelo serviço, assim como outros setores da economia, como o turismo, comércio, mercado financeiro e construção civil, dentre outros.
Perspectiva - Veranicos, nevoeiros e geadas são fenômenos típicos da estação no Paraná, com intensidade e duração variáveis conforme o padrão climático de cada região, de acordo com Ângela Costa.
“Ondas de ar frio e seco devem se tornar mais frequentes, com declínio da temperatura do ar em alguns dias, intercaladas com períodos de calor, mas com temperaturas acima da média histórica”, aponta ela.
Há previsão de atividade do El Niño em 2023. O fenômeno se caracteriza pelo aumento da temperatura na superfície das águas do Oceano Pacífico equatorial, o que provoca alterações nos padrões de chuva e temperatura em todo o planeta.
Ainda conforme a meteorologista, até o momento os modelos climatológicos indicam precipitações acima da média histórica para julho e agosto.
Com relação à temperatura, a previsão é de anomalias positivas, ou seja, temperaturas acima da média histórica, com ondas de frio menos intensas e, consequentemente, formação de geadas de fraca intensidade.
Previsão - Além da agricultura, são beneficiados outros setores da economia como turismo, comércio de vestuário e construção civil. Segundo o meteorologista do Simepar, Reinaldo Kneib, o risco de geada configura-se com a aproximação de uma massa de ar frio e seco em contexto de céu claro ou com poucas nuvens noturnas e vento calmo: “O fenômeno atinge o território paranaense bruscamente com força suficiente para provocar queda acentuada da temperatura do ar até abaixo de zero grau no solo, causando frio rigoroso”, explica. As geadas são mais frequentes em junho e julho, quando intensas ondas de ar frio avançam sobre as regiões Sudoeste, Sul e Central, bem como nos Campos Gerais e na Região Metropolitana de Curitiba. A geada negra, por sua vez, caracteriza-se pelo vento forte, queimando as folhas das plantas. “A meteorologia não espera um inverno rigoroso neste ano”, afirma Kneib. Segundo o meteorologista, “o fenômeno climático El Niño deve entrar em ação no segundo semestre, aumentando o calor e restringindo as ondas de ar frio, razão pela qual as geadas devem ser menos frequentes”. El Niño refere-se ao extenso aquecimento do Oceano Pacífico Equatorial, que ocasiona uma grande mudança nos padrões climáticos da temperatura do ar e da chuva.
Alta confiabilidade - Desde que foi lançado há 28 anos, o serviço Alerta Geada destaca-se pelo alto grau de confiabilidade. Para fazer a previsão, o Simepar monitora as condições do tempo com base em dados de temperaturas, pressão atmosférica, ventos e umidade do ar coletados por estações telemétricas em superfície. Também são observadas as imagens provenientes de satélites. É analisado um campo meteorológico em ampla escala, com dados nacionais e internacionais integrados, considerando ainda o histórico climatológico do estado. Um mapa de probabilidade classifica a geada como fraca, moderada ou forte. A previsão do Simepar é reavaliada duas vezes ao dia. Uma vez emitida, a equipe de agrometeorologistas do IDR-Paraná interpreta as informações e lança o alerta.
Cafeicultura - Para lavouras de café com idade entre seis e 24 meses, a recomendação é amontoar terra no tronco das árvores, até o primeiro par de folhas, já neste mês de maio, para proteger as gemas e evitar a morte da planta no caso de geada severa. Essa prática é chamada de “chegamento de terra” pelos cafeicultores e técnicos do setor.
Essa terra que protege os troncos dos cafeeiros deve ser mantida até o final do período frio, em meados de setembro, e então retirada preferencialmente com as mãos.
Em plantios novos, com até seis meses de idade, recomenda-se simplesmente enterrar as mudas quando houver emissão do Alerta Geada. Viveiros devem ser protegidos com várias camadas de cobertura plástica.
Nos dois últimos casos, lavouras novas e viveiros, a proteção deve ser retirada rapidamente, assim que a massa de ar frio se afastar e cessar o risco imediato de geada.
Fonte: IDR-Paraná