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A Selic passou de 12,75% para 11,25%, refletindo o que vários economistas entrevistados ontem (10/02) pela Agência Brasil haviam apontado: a queda de 3,6% do Produto Interno Bruto (PIB) no último trimestre de 2008, em relação ao trimestre anterior, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), levaria a uma redução ainda maior da Selic.
"Avaliando o cenário macroeconômico, o Copom decidiu, neste momento, reduzir a taxa Selic para 11,25% a.a., sem viés, por unanimidade. O Comitê acompanhará a evolução da trajetória prospectiva para a inflação até a sua próxima reunião, levando em conta a magnitude e a rapidez do ajuste da taxa básica de juros já implementado e seus efeitos cumulativos, para então definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária", diz a nota do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.
Na última segunda-feira (9), o boletim Focus, do BC, que mostra semanalmente projeções de analistas de instituições financeiras sobre os principais indicadores da economia, divulgou que os analistas de mercado previam uma redução de 1 ponto percentual.
A redução foi de 1 ponto percentual na reunião anterior, em janeiro. Na ata dessa reunião, o comitê indicou que iniciava um processo de flexibilização da política monetária, ou seja, de redução dos juros básicos.
A taxa de juros é o principal instrumento que o BC tem para controlar a inflação. Se os juros caem, a população tem maior acesso ao crédito e consome mais, com possibilidade de pressionar os preços.
Mas, como a demanda por consumo está baixa em todos os países, e os preços das principais commodities, produtos básicos com cotação internacional, também estão em baixa, os analistas de mercado não vêem sinais de eventuais pressões inflacionárias.
Essa é uma das razões pela qual o gerente-executivo da Unidade de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco, entende que o colegiado de diretores do BC “tem espaço para acelerar” a redução da taxa básica de juros.
Segundo ele, esse momento propício se dá principalmente porque “o risco de queda na economia é bem maior que o risco de aumento da inflação”. Como exemplo, ele citou a queda do PIB.
Como a inflação está sob controle, com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) se encaminhando para o centro da meta de 4,5% no ano, a maioria dos analistas ouvidos todas as semanas pelo BC já diagnosticava aumento do ritmo de reduções da taxa Selic.
O economista-chefe do banco Schahin, Silvio Campos Neto, lembrou que, assim, a expectativa do mercado evoluiu para a aposta de corte mínimo de 1,5 ponto percentual depois do anúncio de queda do PIB, na véspera do segundo dia da reunião do Copom.
Apesar das pressões, principalmente por parte dos trabalhadores, que querem garantir seus empregos, e dos empresários, que torcem por ventos favoráveis aos investimentos planejados, as reuniões do Copom são sempre cercadas de incertezas, em especial por causa da posição conservadora do BC. Isso porque a redução da Selic diminui a atratividade das aplicações em títulos da dívida pública.
Em contrapartida, o país economiza nos juros sobre a dívida pública imobiliária federal e “sobra” um pouco mais de dinheiro para investimentos no setor produtivo. Esse, aliás, é um dos argumentos dos empresários para pedir ao Copom que reduza as taxas, que continuam as mais altas do mundo. Além disso, juros menores no mercado financeiro também favorecem a migração de recursos da renda fixa para a Bolsa de Valores.
Fonte: Agência Brasil